Vê aquele buraco? Como? Não vê? Aquele, bem diante de seus olhos... Como não vê? Plenamente diante de seus olhos. O Buraco que surgiu como apagão. Veio, apareceu, ficou. Furou-me. De lado a lado. De alto a baixo. Precipício.
Falei. Chamei. Ouvi. Pari noventa e nove vezes um tampão – de estopa, de capim, de algodão... Por que não cava? Se cavar, encontrará. “Mas não está diante de meus olhos?” Capim, estopa, algodão não escondem. Mas seus olhos procuram a rocha, a pedra, o cimento. Forjam a regularidade sem fosso? Uma ponte sobre o abismo? Os naipes do baralho?
Um buraco sem fundo e sem cor, sem canastra e sem morto. Por que não vê? Toda a finalidade do buraco é existir para você. Algodão, capim, estopa – frágeis tampões para o buraco permanecer aberto, guerreiro, olho negro a observar. Cada passo, cada traço, cada minúcia. Todo lance é analisado, crivado, em laboratório mental.
“Você exige muito de mim”.
Obrigada por enroscar seus pés nos meus antes de dormir.
Este miniconto não é um retalho do baú. Um retalho de hoje. Apenas um exercício de epopeia...
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Eternos desencontros.
Esta é a saga da busca da felicidade.
E sempre vale, uma outra tentativa e mais outra.
Enfim somos pés enroscados na cama, e principalmente, fora dela.
Aos trancos e barrancos , como diriam os antigos.
Um abração carioca.
Exigimos mais de quem amamos do que de nós.
http://vemcaluisa.blogspot.com/
Nossa, não tenho palavras para agradecer seu comentário no meu humilde blog.
fico muito feliz mesmo que consegui fazer algo do seu agrado e de outros amigos. fico muito honrado e motivado, viu??!! :D
obrigado e novamente parabéns por seus posts surpreendentes e profissionais!
Abração e uma ótima semana.
Todos nós temos um buraco negro e "toda a finalidade do buraco é existir para nós".
Belo miniconto. Parabéns.
Saudações Literárias
O que faz de um buraco negro um grande incomodo é a necessidade de ser atendido com exclusividade em suas necessidades, uma obrigação em só receber, a voracidade com que ele devora a realidade dos outros em volta. Talvez não haja nada mais asfixiante que orbitar um corpo massivo que suga tudo, até a luz
Que buraco sem fundo
Verdadeiro nó
Diria até um engôdo
...
Mas que amor !
Olá ! Vc escreve muito bem. Adorei teu blog. Tem textos muito requintados, bem elaborados! Parabéns!!
Sou Diego Schaun, poeta e músico baiano. www.diegoschaun.blogspot.com Espero que gostes!
Abraços, boa tarde!
Esse é o verdadeiro buraco em que por vezes nos perdemos. Sempre em busca de algo que talvez esteja bem em nossa frente e não vemos, também temos que aprender a enxergar. Belo texto...
Beijos!
Taty!
www.tatyns.blogspot.com
Olá querida amiga e inesquecível professora,como sempre você surpreendente. Sou suspeita para tecer aqui comentários sobre sua escrita. Apenas posso, no momento desejar que esse coração continue embriagado de emoção e muitas palavras dançando de forma desarrumada, que só você possa arrumá-las. E vamos nós, a escrever, escrever, cada dia mais....beijos e muita sorte.
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