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Sou doutora em Literatura. Escrevo há mais de 15 anos, mas sem disciplina. Sou aquela escritora que se guarda para o futuro, à espera de um grande acontecimento. Sinto que chegou a hora. É com retalhos e epopeias que me inventarei - com pequenos e grandes eventos - com fragmentos e grandes feitos - serei a tecelã de uma história e a sua heroína. Serei Penélope e Odisseu. Me acompanhe nesta viagem! Colunista da seção de Escrita Criativa na comunidade literária Benfazeja. Livros publicados: FLAUIS (2010) e RETALHOS E EPOPEIAS (Editora Patuá, 2012). Mais sobre mim em meu site oficial

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16 fevereiro, 2011

OLHO DE GATA MORTA






Entardeceu com o olho inchado. Não era bem o olho, mas o canto do olho. Não tanto o canto, mais para o lado do nariz. Ali, neste ponto específico, nasceu uma bolota. Picada de inseto? Espinha rebelde? Inflamação sei-lá-de-que? E o negócio encarnou, criou raiz, apaixonou-se por aquele canto do olho-nariz. Deformou. Água quente na tigela de doce, algodão espremido no lixo. Mas a coisa inventou de ficar. Nem pomada, nem rabo de gato conseguiram convencer. E dizem que rabo de gato três vezes ao dia espreme qualquer bolota. Manhã: diminuiu? Tarde: melhorou? Noite: me traz a agulha que eu vou furar. Em meados do século passado, certo escritor recebeu de um discípulo de Freud o diagnóstico para suas bolotas na cara: moléstia do refúgio de pureza. Não foi no deserto estéril ou em uma caverna escura que o poeta massacrou sua carne para libertar seu espírito. A doença de santo, cravada em sua face, amansou sua alma. Bolotas em proporção de mulheres. Pústulas sebentas para afastar o pecado. E o homem de hoje, que não é poeta, nem procurou Buda em toda mulher, também foi ao médico. Pode ser a glândula lacrimal entupida. Vamos cortar. A seco, sem terapia. Sem firula do espírito. Só o bisturi abrirá o canal para a lágrima jorrar.

4 Comentaram. Deixe seu comentário também!:

GIL ROSZA disse...

Tenho uma Scully na cama, e também sei o que é ficar procurando (e preocupando) com alterações alienígenas num planeta de pêlos. E daí, a gente cheira a orelha, olha se tem fungo, se a rotina segue normal, um chamado esquisito a noite, se comeu ou não a lagartixa que usou como brinquedo, enfim... todas essas coisas que a gente sabe muito bem.

Anônimo disse...

Oi, Carolina.

Como eu gosto de ler seus textos! Nossa! É delicioso... as palavras têm cheiros, sons, texturas, tem mesmo sabores...

E é maravilhoso poder vir aqui e me alimentar desta sua poesia em prosa.

Beijo grande, querida. :)

Roseane disse...

Que interessante, você fez um conto com uma coisa aparentemente tão estranha! Ficou muito bom, parabéns. Me encanta a capacidade de tornar coisas tão simples, em textos literários, belos.

Bom fim de quinta!

Eliane Ratier disse...

oI, Linda, tem gente que tem conhecimento e não aplica em nada, você o usa para tecer seu texto delicado e poético. Lindo. Gostei, seguirei, colocarei no blog e preciso de ajuda com o feed burner, por favor
UAU! Este blog é cheio de fricotinhos legais!

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  • A Demanda do Santo Graal. (Anônimo)
  • A vida e as opiniões do cavalheiro Tristam Shandy. (Laurence Sterne)
  • Ascese. (Nikos Kazantzakis)
  • Cem anos de Solidão. (Gabriel Garcia Marquez)
  • Crime e Castigo. (Dostoiévski)
  • Folhas de Relva. (Walt Whitman)
  • Húmus. (Raul Brandão)
  • Judas, o Obscuro. (Thomas Hardy)
  • Mahabharata (Anônimo)
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
  • Narciso e Goldmund. (Hermann Hesse)
  • O casamento do Céu e do Inferno. (William Blake)
  • O homem que comprou a rua. (Tarcísio Pereira)
  • O Perfume. (Patrick Süskind)
  • Odisseia (Kazantzakis)
  • Odisseia. (Homero)
  • Os Cadernos de Malte Laurids Brigge. (Rainer Maria Rilke)
  • Peter Pan. (J. M. Barrie)
  • Poemas (Seferis)
  • Poemas Completos de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
  • Zorba, o grego. (Nikos Kazantzakis)

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