Como
decifrar o dever? De que maneira observar o dever íntimo impresso na
consciência, diante de tantos deveres sociais, profissionais e afetivos que
muitas vezes nos impõem caminhos divergentes.
Efetivamente,
nasceste e cresceste apenas para ser único no mundo. Em lugar algum existe
alguém igual a tua maneira de ser; portanto, não podes perder de vista essa
verdade, para encontrar o dever que te compete diante da vida.
Teu
primordial compromisso é contigo mesmo, e tua tarefa mais importante na Terra,
para a qual és o único preparado, é desenvolver tua individualidade no
transcorrer de tua longa jornada evolutiva.
A
preocupação com os deveres alheios provoca teu distanciamento das próprias
responsabilidades, pois não concretizas teus ideais nem deixas que os outros
cumpram com suas funções. Não nos referimos aqui à ajuda real, que é sempre
importante, mas à intromissão nas competências do próximo, impedindo-o de
adquirir autonomia e vida própria.
Assumir
deveres dos outros é sabotar os relacionamentos que poderiam ser prósperos e
duradouros. Por não compreenderes bem teu interior, é que te comparar aos
outros, esquecendo-te de que nenhum de nós está predestinado a receber, ao
mesmo tempo, os mesmos ensinamentos e a fazer as mesmas coisas, pois existem
inúmeras formas de viver e de evoluir. Lembra-te de que deves importar-se
somente com a tua maneira de ser.
Não
podemos nos esquecer de que aquele que se compara com os outros acaba se
sentindo elevado ou rebaixado. Nunca se dá o devido valor e nunca se conhece
verdadeiramente.
Teus
empenhos íntimos deverão ser voltados apenas para tua pessoa, e nunca deverás
tentar acomodar pontos de vista diversos, porque, além de te perderes, não
ajustarás os limites onde começa a ameaça à tua felicidade, ou à felicidade do
teu próximo.
Muitos
acreditam que seus deveres são corrigir e reprimir as atitudes alheias. Vivem
em constantes flutuações existenciais por não saberem esperar o fluxo da vida
agir naturalmente. Asseveram sempre que suas obrigações são em “nome da salvação”
e, dessa forma, controlam as coisas ou as forçam acontecer, quando e como
querem.
Dizem:“Fazemos
isso porque só estamos tentando ajudar”. Forçam eventos, escrevem roteiros,
fazem o que for necessário para garantir que os atores e as cenas tenham o
desempenho e o desenlace que determinaram e acreditam, insistentemente, que seu
dever é salvar almas, não percebendo que só podem salvar a si próprios.
Nosso
dever é redescobrir o que é verdadeiro para nós e não esconder nossos
sentimentos de qualquer pessoa ou de nós mesmos, mas sim ter liberdade e
segurança em nossas relações pessoais, para decidirmos seguir na direção que
escolhemos. Não “devemos” ser o que nossos pais ou a sociedade querem nos impor
ou definir como melhor. Precisamos compreender que nossos objetivos e
finalidades de vida têm valor unicamente para nós; os dos outros,
particularmente para eles.
Obrigação
pode ser conceituada como sendo o que deveríamos fazer para agradar as pessoas,
ou para nos enquadrar no que elas esperam de nós; já o dever é um processo de
auscultar a nós mesmos, descortinando nossa estrada interior, para, logo após,
materializá-la num processo lento e constante.
Ao
decifrarmos nosso real dever, uma sensação de auto-realização toma conta de
nossa atmosfera espiritual, e passamos a apreciar os verdadeiros e fundamentais
valores da vida, associados a um prazer inexplicável.
Lembremo-nos
da afirmação do espírito Lázaro em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “O
dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em
seguida”. (cap. XVII, item 7)
Extraído do
livro "Renovando Atitudes", Francisco do Espírito Santo Neto, ditado
por HAMMED. Catanduva: Editora Boa Nova, 1997.
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Lindo texto!
Acho que estamos nesse mundo com a missão de sermos e fazermos felicidade...esse é nosso maior dever e prazer!
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