Abrir a janela e não encontrar o orvalho da manhã, nem o brilho do dia causa uma imensa solidão. Mas, não apenas pessoas como coisas, os lugares e o mundo podem "sentir-se" solitários.
Basta ser um pintor para que a solidão o invada. Ou um escritor sem a imaginação para o seu livro. Mas o poeta, que sem a inspiração, faz uma poesia sem amor, é o maior de todos os solitários. Porém, nem todas as poesias são feitas de palavras. apenas um gesto pode se tornar poético. Uma pipa no céu. Uma música triste. Os cabelos sem o vento para esvoaçá-los. O carteiro que entrega amor, saudade, amizade, tristeza... Solitário é um sonho, quando desfeito ou um rosto sem sorriso. A lágrima que percorre a face...
No amor, existem os apaixonados que não são correspondidos. Beijos que não contêm paixão. Pessoas que não sabem amar. Sem amor e sozinho é um bebê que não tem o seio da mãe.
Como nos sentimentos e na poesia, a solidão reside em todo o mundo. Uma flor sem perfume. As águas correndo pelos riachos e a chuva caindo na janela. Uma ovelha, que se desgarra de seu rebanho e os pinguins na Antártida. O fogo que não pode se encontrar com a água...
No céu, a lua esbanja o seu encanto sobre os sonhadores, mas isso não a torna acompanhada. A Terra gira com oito planetas desabitados, sem vida. Durante a noite, as ondas choram na praia.
Mas, se todo o universo fosse solitário, a vida seria muito triste. É por isso que existe algo fugindo a essa regra. Olhando a solidão com vida própria, é a única que nunca está sozinha, pois a sua presença é inextrincável em tudo e em todos.
Texto escrito em 1992, em uma aula de Redação.
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