1.
ergueram á minha volta altos muros de pedra .
E agora aqui estou, em desespero ,sem pensar
noutra coisa : o infortúnio a mente me depreda.
E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora !
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.
De tudo quanto fiz e quanto disse,
os meus atos e o meu modo de viver .
Os mais despercebidos dos meus atos ,
e, de meus escritos , os mais dissimulados –
Tradução dos poemas: José Paulo Paes
Considerado por muitos o magno poeta da Grécia moderna , Konstantinos Kaváfis (1863-1933) iniciou sua produção no século XIX e alcançou o século XX quando se aproximava já dos quarenta anos . Apesar de um bom número de poemas escritos na época e sob a influência do simbolismo constarem de sua obra canônica , Kaváfis estabelece o ano de 1911 como marco divisório de sua escrita . Natural de Alexandria, onde passou toda a sua vida , fora algumas viagens esporádicas, Kaváfis não se considerava um grego , mas um heleno por sua dúplice condição : Alexandria é o espaço da mescla de tradições , a grega e a egipícia, e ainda a ponte entre o passado e o presente .
Kaváfis não publicou nenhum livro em vida , divulgava seus poemas em forma de panfletos distribuídos entre os amigos . Não considerava sua obra pronta para a publicação definitiva . Mas , deixou instruções para depois de sua morte sobre o modo como deveriam ser publicados seus poemas . Dividiu-os entre “poesia canônica ”, um conjunto de 154 poemas , e mais de 75 poemas com a indicação “não para serem publicados”, que no entanto , chegaram ao conhecimento do público em 1968.
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